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A imaginação é o mais forte dos sentidos. Quando me deito, é nela que encontro toda a paz que me faz dormir com a tua imagem... o teu cheiro... e a tua pele sobre a minha durante toda a noite. Fecho os olhos e de repente estás a meu lado... perfeita... bela... terna... e sinto que o meu corpo enche o teu...

Quando amamos verdadeiramente alguém, nunca mais deixamos de amar. A memória fica, e aprendemos a carregar esse peso como se fosse nosso... e é. A tua memória é doce e fresca... como tu. Traz-me sempre o teu sorriso aberto... os teus olhos de criança... o cheiro do teu cabelo... a tua voz... e a tua calma...

Guardo tudo como um tesouro que encontrei por acaso, mas que nunca tranco como num cofre, porque nunca foi meu... foi apenas um presente da sorte. Guardo tudo em silêncio, enquanto imagino que fazes o mesmo, e que eu estou por aí... invisível, a povoar o teu sono, e a fazer-te sorrir quando caminhas pelas ruas e entras em lugares onde fomos felizes.

Tenho a certeza que também te vais lembrar de mim aos poucos, como quem desfia um novelo e o deixa rebolar pelo chão. Também guardas o nosso amor em fotografias, cheiros e gestos... também fechas os olhos para me veres melhor... também tens saudades de me ouvir rir... e guardas, essas sim, como tesouros, porque foram mesmo escritas para ti, todas as palavras que te dei.

Daqui a algum tempo, talvez meses ou anos... tanto faz, o teu coração vai disparar, e vais ter vontade de voltar a viver tudo outra vez. A tua memória vai chamar por mim, e sentirás a nostalgia do meu amor por ti, e do teu amor por mim, que se perdeu um dia, sem nenhum de nós saber como nem porquê. Vais ter saudades de tudo o que vivemos, e vais perguntar a ti própria onde estou e como me sentirei nesse momento. Vais pedir um sinal que te diga que estou bem, que continuo igual, que o tempo não me deixou marcas, e as tristezas não me apagaram a frescura.

Vais imaginar-me outra vez ao teu lado, como um amigo, uma presença protectora, e vais querer dar-me a mão, para me dar tudo o que te dei, para te compensar da minha ausência, quando te conheci e desejei tanto e tão bem. Às vezes a tristeza invade-me os dias, porque sou obrigado a viver mais um dia sem ti.

A vida é um sonho, e é o despertar que nos mata, e quando estamos apaixonados nenhuma realidade nos toca, somos seres quase divinos, flutuamos sobre o mundo. Mas quando a paixão morre, descemos à terra, doem-nos os ossos da queda e sentimos que perdemos todo o poder que tínhamos, o toque divino, a capacidade de voar, a vontade que vencia todos os silêncios, e todas as distâncias.

A paixão morre, dura apenas alguns meses de sol e de calor. Depois, é preciso receber o Inverno, e hibernar a alma. Somos duas memórias que o tempo não pode apagar, somos a imaginação um do outro, a realidade e o sonho, o presente e o passado...

Esta semana sonhei que tinha uma cama onde cabiam todas as pessoas com quem já dormi... Gente encavalitada, mais cabeça que corpo, e eu a braços com tudo aquilo.

E cabem todos? - perguntam vocês
Cabem pois! A cama deve ter sido mandada fazer. Há aqui cada encomenda... Felizmente os pés não se vêem...

Quando os corpos se precipitam para o abismo que é o prazer, muitas vezes as meias ficam esquecidas... nos pés. Um homem com meias de má qualidade é como uma mulher com cuecas lassas. A evitar, porque acidentes e flirts acontecem a toda a hora. E há muitos flirts que se revelam um desastre por causa de umas cuecas disformes ou de um par de meias.

Quando acordei do sonho, procurei explicações para a insistência nas meias. E só horas depois percebi que muitos dos que ali estavam me tinham dado com os pés. Ou será que é a cama que é o meu calcanhar de aquiles?

Isso é tudo teu?" - A pergunta trazia um rosto que eu não fixei.
Era alguém que aliviava a sua masculinidade com piropos batidos.
Eu disse: "Não, pedi emprestado"

Gosto de provocação. Exibo-a no peito sem soutien. Os audazes merecem resposta. Porque são poucos os que têm a boca na ponta da língua. E há bocas que eu gostava de ter na ponta da minha língua...

O melhor comentador do mundo – tanto quanto se pode saber – chama-se anónimo. Tão anónimo que nem ele próprio sabe quem é. Só sabe que é o anónimo perfeito. Umas vezes procura usar com decência as palavras, outras não... Mas nada disto o preocupa minimamente, pensa sem quaisquer afectos. Escreve sem pestanejar.

A caixa de comentários abre os blogues, mas potencia a baixeza e obriga por vezes a ter que se fechar aos prevaricadores a porta de liberdade de expressão que se abriu a todos. Os blogues continuam a ser um espaço selvagem, quase sem regras, ou melhor, escapam à maior parte das regras e constrangimentos que estruturam o espaço público. Isto é basicamente positivo, sendo em consequência negativo adoptar como princípio de conduta, a ideia vulgar de que muita gente não merece, por não saber usá-la, a liberdade que lhe dão.

Dir-se-ia que o bloguista dispõe de algum poder sobre os outros, mostrando-se generoso - se abre caixa de comentários - ou revelando-se arrogante - se a fecha ou nunca a abriu. Da parte do comentador anónimo, o desejo de comentário é o desejo de se exprimir facilmente. O blogue alimenta essa ilusão de que qualquer um pode escrever, e que qualquer um tem coisas para dizer. Como nem todos alcançam a forma da escrita, como nem todos chegam à iniciativa de por si próprios, abrirem o seu blogue, como nem todos sabem escrever - a caixa de comentários permite-lhes escrever sem pudor nem gramática. Permite-lhes dizer de facto qualquer coisa. Permite-lhes exprimirem-se, sempre à custa, e sobre os outros.

Não é difícil deixar entrar alguém no nosso coração. O que é difícil é deixar alguém sair. Alguém com quem partilhámos dias de bem estar, noites em claro, passeios, viagens, risos, segredos, silêncios perfeitos, e longas conversas. Alguém com quem já dormimos agarrados, que mexeu nas nossas gavetas, e usou as nossas toalhas de banho. Alguém que já viveu na nossa cama e se sentou à nossa mesa.

Olho em volta e vejo-te ainda pela casa. O teu perfume guarda-se teimosamente no ar... mas já não o prende. Estou outra vez solta, entregue a mim própria, rodeada de silêncio e de bem estar, o bem estar possível de quem se habituou a ver partir aqueles que ama, e a não sofrer com a ausência.

Não é difícil esquecer, andar para a frente, virar a página, começar o novo ano com um coração novo e escolher o nosso futuro. O que é difícil é fazer tudo isso sem mágoa, vencendo a sensação de perda que sempre acompanha todos os fins. O meu fim é o meu princípio. O teu fim estava anunciado desde o início, quando nos conhecemos.

Vi o fim desenhado no ar, mas deixei-me ir, e depois deixei-me estar, porque trouxeste-me uma alegria inesperada, como se me tivessem dado um coração novo. Mas não foste tu que me deste um coração novo, fui eu que o descobri quando me apaixonei por ti, sabendo ainda e sempre, que nunca poderias fazer parte da minha vida. Há algo profundamente misterioso no amor. De outra forma, como nos permitimos a paixões impossíveis, esperas longas e insensatas, e a sonhos megalómanos?

O amor só existe se for quase impossível, se o mundo que nos rodeia o quiser roubar, se a distância o alimentar, se os dias de ausência forem trocados por noites de inesquecível e inigualável prazer. O amor só subsiste na dúvida, na incerteza, naquele toque que pode ser o último, no abraço que se perde no ar, no derradeiro olhar antes da separação.

O amor é a outra face da felicidade. A face palpável e possível, a que se materializa num corpo perfeito, em carne, toque, bocas que se colam, mãos que se enrolam, pernas que se entrançam, cabelos, cheiros, beijos e línguas, enquanto o mundo lá fora cúmplice com o nosso prazer, a rodar mais devagar, silenciosamente, enquanto nos oferecemos um ao outro. Já não sei o que é sexo sem amor e nunca mais quero aprender. Esqueci-me das aulas de ginástica, e dos campeonatos de prazer dos amantes competentes. Começo o novo ano com um novo corpo e um coração por estrear. Começo o ano sem o cheiro do teu perfume.

O amor é assim, difuso, misterioso, inesperado, perfeito mesmo que efémero, impossível de prolongar. A vida é feita de momentos, e eu quero guardar todos os momentos de amor perfeito que me deste, numa caixa que guardo num cofre para nunca mais voltar a abrir, mesmo sabendo, ainda e sempre, que lá dentro se guarda um amor que nunca morre, porque nunca viveu.

Estamos juntos de uma forma muito intensa, muito querida, muito feliz. Mas nada disto tem a ver com amor, porque ele não tem nada para dar, a não ser isto...


Lembro-me quando as ruas da cidade me levavam em direcção a ti... Quando as placas de sinalização me guiavam e eu nunca me perdia...

Não sei como tudo se complicou, porque agora as ruas parece que não me levam para lugar nenhum... Agora as ruas não têm saída, nem sinalização, e por vezes parece-me que estou a correr na direcção errada.

Às vezes penso que estou a chegar perto... mas ainda estou muito longe... Isto é a imagem que tenho de como ficar perdido a apenas alguns minutos do destino... Não sei se esta história já acabou, ou se só agora começou...

Quando estava contigo só pensava noutras coisas. Nomeadamente: fugir. Não podia estar ali a ouvir o que me estavas a dizer. Não sei discutir. Não acreditava na tua conversa. A tua única queixa era eu não estar lá quando tu querias.

"Faz tudo menos fugir" - dizias
E eu não podia... enquanto tu continuavas naquele pranto, e com aquela conversa... sem amor próprio.

Cada um tem a sua doença. A minha era não querer existir. Pensava que merecias melhor do que eu, que te ias fartar de mim, que me ias descobrir. E afinal, contrariamente a mim, a única coisa que eu tinha para descobrires, à parte do meu grande amor, era a minha queda por ti.

Não é fácil manter um blogue. Os blogues inicialmente surgiram com a finalidade única do autor escrever os seus devaneios num género de diário. Com o passar do tempo, começaram a ser utilizados para se escrever sobre os mais diversos temas.

Se quisermos ler blogues sobre política, sabemos a quais nos dirigir, se quisermos ler blogues sobre suspeição de tudo e mais alguma coisa, sabemos onde os procurar, se quisermos ler blogues sobre corrupção no futebol sabemos onde ir procurar. Aquilo que nos move quando criamos um blogue, está directamente relacionado com aquilo que somos, com aquilo que são os nossos interesses e gostos pessoais.

A mim pessoalmente, dá-me gosto ler blogues de amigos, de pessoas minhas conhecidas, blogues sobre o amor, blogues de música, e blogues de humor. Tudo o resto pouco me interessa. Gosto de ler blogues que me cativam pela sua escrita sem erros ortográficos ou gramaticais, aqueles onde posso ver fotografias fabulosas com a qualidade que é impossível ter num jornal ou mesmo numa revista.

O mundo dos blogues para mim não se fica por aqui. Tenho tido a oportunidade ao longo dos tempos de conhecer gente interessante que por outra via muito provavelmente não seria possível. Pessoas com educação e seriedade, que tal como eu utilizam os seus blogues para ali escreverem o que lhes vai na alma e partilharem as suas ideias com pessoas que na grande maioria das situações nem se conhece, o que provoca uma sensação de partilha inexplicável.

Há no entanto quem não entenda isto. Uns pensam de uma maneira, outros de outra e temos que respeitar. E quando há encontros? Maravilhoso. Servem essencialmente para primeiro que tudo, conhecer pessoalmente aquela pessoa que até comenta os nossos textos, fotos ou poesias e se torna um companheiro diário de outro ponto do país que por outra via era impossível conhecer.

Aqui trocam-se as nossas ideias pessoais e respeitam-se as ideias dos outros mesmo sendo diferentes. Os blogues permitem-nos trocar opiniões, debater profundamente sobre aquilo que achamos serem os nossos problemas, os problemas do país, ou da nossa região. Permitem-nos partilhar e levar mais longe fotografias das nossas terras e desta forma promovê-las, bem como permite-nos descobrir pessoas com elevados conhecimentos em diversas áreas e assim colher os frutos de outras sabedorias. Há no maravilhoso mundo dos blogues mais do que podemos imaginar...