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Se não nos conhecêssemos demasiado bem, eu diria que nos podíamos apaixonar outra vez, como naquele dia, quando vivemos o nosso primeiro momento de amor. Amámo-nos desde o primeiro dia, vi isso no tremor do teu corpo quando me deixaste, como se carregasses a cruz de um grande amor, e percebi que a tristeza que me invadia só existe antes de uma grande paixão.

Talvez por isso, quando te vi outro dia e te disse, por brincadeira, que podíamos, quem sabe, viver a mesma paixão, o meu olhar embaciou-se, não sei bem se de tristeza por ter perdido esse amor, ou de alegria por o ter vivido. Foi há pouco tempo, e no entanto, é como se o meu coração já se tivesse esquecido, e deve ser também por isso, que apesar de sermos amigos, te ligo tão pouco, porque prefiro a distância de um amor guardado, mesmo sabendo que estás sempre por perto.

Normalmente as mulheres perdoam tudo quando amam alguém. E eu até sei que o teu fundo é bom, apenas te falta alguma capacidade para fazer escolhas, mas sei que posso esperar de ti os mais belos gestos. Perguntei-te se pudesses voltar atrás se voltavas, e tu disseste-me que não. Perguntei-te porquê, e respondeste-me que há coisas que quando se quebram não são recuperáveis. Eu perguntei-te então, se pudesses voltar atrás como se nada se tivesse passado, se voltavas. E tu respondeste-me, que talvez... que achavas que sim. E eu respondi-te: "Pois, isso mudava tudo"...

Depois perguntaste-me porque é que a paz que procuras nos braços de outras nunca perdura... Talvez seja porque pensas que só podes amar quando estás presente, tal como me amaste a mim há uns tempos... ou noutro dia... quando me voltaste a ver. Eu sei que me amas sempre, e que as lembranças desse amor que vivemos, ainda te vêem à cabeça por breves instantes, mas a verdade é que com o tempo tudo se esbate e desfaz...

Às vezes fico sozinha à sexta-feira à noite. Calha de chover... e eu fico. Visto o meu robe, há quem lhe chame "espera-maridos", ocupo as mãos com um comando, e um pacote de bolachas, e fico à espero do momento de adormecer, tendo a certeza que amanhã é outro dia...

Eu sabia que isto das sextas-feiras em casa não ia durar para sempre. O sábado é um óptimo dia para recomeçar a viver, sobretudo depois de na véspera ter adormecido no sofá. Por isso juntei-me ao jantar à minha melhor amiga, ao namorado dela, e a um amigo do namorado dela... que eu não conhecia. Ele é tranquilo, não fuma, não bebe... muito, conversa bastante, é bonito, e simpático.

Depois de sairmos do restaurante fomos até um bar beber um copo, e eu convenci-o a emborcar vários copos, o que desconfio, fez com que visse o mundo com outros olhos... Por isso acabei a noite à porta de casa da minha amiga, com ele dentro do meu carro, e eu a falar-lhe de amor...

Na segunda-feira cheguei ao emprego decidida, e meti quatro dias de férias, para andar a "passear" com ele, e acabámos na cama ainda a semana ia a meio.

No jantar do sábado seguinte fui ter ao restaurante onde já estava um grupo de amigos para comemorarmos o aniversário da minha melhor amiga... e entre eles estava um grande amigo meu de outros carnavais. Ele diz que nota quando eu ando com um ar satisfeito. Satisfeito é um eufemismo para a expressão "bem fodida"... e desta vez tinha razão em dizer que eu estava satisfeita. Ele já me conhece o suficiente para saber como sou eu com ar de "bem fodida", e eu gosto que se perceba a diferença.

E agora eu pergunto-me que ar é esse de "bem fodida", que eu trazia, e que não tinha noutras alturas em que houve outras pessoas na minha vida?

Quando andava com o meu anterior namorado, parecia uma bipolar afectiva, a oscilar entre a felicidade extrema, e a tristeza profunda. Não tinha nada a ver com o sexo. O sexo não me saciava as dúvidas, porque eu estava apaixonada, e tinha sempre medo que ele não voltasse a telefonar... o que um dia de facto aconteceu.

Era a disponibilidade... a disponibilidade é tudo. Quando encontrei o amigo-do-namorado-da-minha-melhor-amiga, estava disponível para ser saciada. Não basta termos bom sexo, é preciso sentirmo-nos desprendidos, e eu senti-me desprendida, porque nenhum de nós tinha expectativas de nada, a não ser termos bom sexo.

Agora já podem ver em mim indícios de "bem fodida", e digo-vos que "ando entusiasmada". Não estou apaixonada, mas sinto-me entusiasmada com as pessoas que se cruzam comigo... a um passo de voltar a estar "bem fodida"...

Passamos a vida a tropeçar em desencontros, em chegar tarde de mais ao que queremos viver. Por isso é que vivo tudo o que me dá na real gana. Estes últimos anos foram prodigiosos, sinto que rejuvenesci... sim, porque o sexo renova.

A quantidade de flirts, noites com Harmony, e outras menos harmoniosas que passei, fazem-me saber bem o que quero... quero continuar a viver de uma forma despreconceituosa. A opinião dos outros sobre a minha vida é pouco relevante. É bom saber que vou sempre a tempo de viver o que quero, porque o coração nunca se deve adiar.

Sei que o "About last Night" já não parece o mesmo que foi em outras alturas, no entanto continuo convicto que ainda é um espaço interessante para todos vocês que têm tido o previlégio de acompanhar e partilhar as tristezas, as ausências, as alegrias, e os sonhos, que por aqui têm sido vividos e relatados.

Não guardo segredos, mas há palavras e ideias que escondo do resto do mundo e que são só para vocês que são aqueles que fazem parte do meu pequeno mundo.

Sinto saudades de quando escrevia aqui com mais regularidade, mesmo quando o tempo para isso era escasso, e se tornava imperioso fazê-lo. Sei que nunca serei capaz de me desligar completamente dele, porque para mim o "About Last Night", significa um tempo rico em aprendizagem, e partilha de emoções.

Acreditem que nunca me esqueço de vocês, meus amigos, que me visitam e comentam sempre que aqui publico mais um devaneio. Este espaço continua, e continuará a existir para mim, mas também para vocês.

E hoje porque o "About Last Night" completa o 3º ano de existência, convido-os a todos a soprarem as velinhas comigo...

Gosto de gostar...
Gosto de vocês...
Gosto do "About Last Night"...
Gosto de me lembrar da última noite...
Gosto de ti... e de mim em ti...
Gosto de mim... de ser que sou, e o que sou...
Gosto de gestos... de cheiros... de sabores... de lugares... e de memórias...
Não gosto de dissabores e desamores...
Gosto de provocações e reacções...
Gosto de analisar comportamentos... gente... sentimentos... e palavras...
Gosto de mistérios, mas não gosto de quem se esconde por detrás das lentes de óculos escuros...
Gosto de muitas pessoas, e também gosto de não gostar de todas...
Gosto de gargalhadas, risos, e sorrisos...
Gosto de dizer o que penso, e de fazer o que quero...
Gosto de chorar sempre que me apetece, e não gosto que me tentem secar as lágrimas...
Não gosto de ter medo, e que me falte a coragem...
Gosto de ir até ao fundo das questões, mas de deixar as respostas a meio...
Gosto de reticências e pontos de exclamação...
Gosto de encruzilhadas, e de não saber o caminho a seguir, mas não gosto que me digam que errei no trajecto...
Gosto do imprevisto, e não gosto de previsões, nem acredito em destinos traçados...
Gosto de letras, de músicas, de livros, de rascunhos, e de rabiscos...
Mas não gosto de usá-los todos de uma vez, porque gosto que fique muito por dizer e saber...
Gosto de partilhar, e ao mesmo tempo manter-me em segredo...