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Cada um de nós tem as suas próprias máscaras. Quem não as tem? A diferença está em que uns usam-nas mais do que outros, mas todos interpretamos diversos papéis, e é aí que usamos a máscara que mais se ajusta a cada situação.

As pessoas escondem-se atrás das máscaras, para parecerem sempre bem, porque é difícil mostrar as nossas próprias fragilidades para os outros... mostrar que erramos... que nem sempre pensamos antes de agir... que também somos humanos... e vacilamos.

Acho que utilizamos as máscaras por termos medo de não sermos aceites como realmente somos, e por termos receio de sermos marginalizados, e não percebemos que chega sempre um dia em que as máscaras caem.

Por isso o melhor é tirarmos as máscaras, e encararmos a realidade, aprendendo a viver com as nossas imperfeições, sem estarmos à espera que elas sejam reveladas de repente. Temos que ter a consciência que a grande maioria das vezes o melhor é sermos verdadeiros, e deixar as máscaras de lado.

A infidelidade pode ser como uma armadilha que inicialmente nos abraça, e que depois acaba por nos estrangular.

Não há nada melhor do que a própria infidelidade para acabar com uma relação, mesmo que esta acabe por se ir mantendo ao longo dos anos, isto porque acaba por ficar sempre no ar a pairar uma nuvem de desconforto, mesmo que seja bem camuflada por mentiras bem articuladas com fundos de verdade.

A infidelidade, mesmo que mais ninguém repare, é como uma nódoa, que só se torna visível para as pessoas que estão dentro da própria relação. Está sempre ali, ao alcance dos nossos olhos, e dificilmente lhe conseguimos desviar o olhar...

Muitas pessoas pensam que só na família é que encontrarmos as nossas verdadeiras amizades, devido aos laços de sangue, mas nada é mais errado do que isso, porque não é por haver laços de sangue que as pessoas têm que ser amigas, simplesmente porque as amizades não se escolhem, acontecem.

Normalmente é fora da família que encontramos o nosso suporte, quem nos ampare, e quem nos queira bem apenas por aquilo que somos. São os amigos que nos elogiam as nossas qualidades, e sempre que temos algum tipo de sucesso. São os amigos que apesar de reconhecerem os nossos defeitos não nos apontam com facas que apunhalam, mas com setas que nos indicam o melhor caminho para os conseguirmos tornar menores.

É com os amigos que desabafamos nos momentos de angústia, assim como partilhamos com eles as nossas alegrias. Podemos não nos falar, nem nos ver durante muito tempo, mas sabemos que eles estão sempre lá, dispostos a ouvir-nos, e a ajudar-nos.

Na amizade não há sentimentos como a posse, o controle, a dominação, nem as cobranças. Existe sim, afinidade, partilha, alegria, e companheirismo. Não existe superioridade, mas igualdade, aceitação, apoio, crença nas nossas potencialidades, e cuidado com os sentimentos de cada um.

Na família estes sentimentos e comportamentos não existem na maioria das vezes, por isso é que eu me agarro aos amigos, e deixo grande parte da família viver a sua vida, de preferência longe de mim, de forma a sentir que ela nem existe.

A vida é como um puzzle, em que as peças acabam por se encaixar de forma espontânea, por isso tenho a certeza que acabarei por terminar o meu próprio puzzle. Até porque sou eu, e aqueles que me rodeiam, que somos as peças desse mesmo puzzle. As pessoas que marcam a minha vida são sempre aquelas que se preocupam comigo... que cuidam de mim... aquelas que de algum modo estão sempre comigo.

Ao longo da nossa vida, vamo-nos "encaixando" de modos diferentes. Umas vezes sentimo-nos completos... outras quase... e outras nem por isso...

O importante de tudo isto é ter a consciência de que a vida é muito curta, e eu não sei em que lugar, ou em que lista se encontra o meu nome. E vocês, sabem em que lista estão? Não sabem, pois não?...

Os sentimentos são todos assim... sentem-se, e entregam-se a alguém. Só que quando o fazemos já vão em segunda mão, e só cada um de nós sabe o que ele significa na realidade, porque o original fica para sempre connosco.

Apenas entregamos uma pequena parte daquilo que pensamos... daquilo que sentimos, porque temos vergonha de entregar tudo. Por isso escondemo-nos atrás de escudos de pessoas insensíveis, ou demasiado ocupadas para se preocuparem com essas lamechices de sentimentos. Deixamo-nos estar sempre bem escondidos, bem disfarçados de pessoas que sabem controlar as suas emoções.

E depois???...

Acabamos feridos num silêncio abafado, porque nos recusámos a sentir, a amar de verdade, porque não queremos dar tudo, com medo de não receber nada em troca... Sim, porque o nosso medo não é dar, o nosso medo é não receber, é sentirmo-nos sós, sentirmos que demos tudo, e que ficámos vazios.

Temos que ter a capacidade de perceber que quem amamos pode estar mesmo ao nosso lado, e nessas situações não nos podemos recusar a deixarmo-nos levar por esse sentimento arrebatador que é o amor, com medo de ficarmos com ele nas mãos, ou sem ele, e sem nada em troca.

As palavras muitas vezes comprometem-nos e assustam-nos, porque nos obrigam a assumir, a dizer ao mundo que partilhámos, que sentimos, que somos frágeis, que amamos, e isso torna-nos vulneráveis. Depois choramos as ausências, sentimo-nos abandonados e traídos, e abandonamos a nossa própria vida porque ela parece deixar de valer a pena. Então fica o silêncio... apenas o silêncio...

No amor não existe só uma pessoa, existem duas e por isso mesmo têm de lutar as duas para uma relação dar certo.

É bem verdade, por vezes não somos nós que não merecemos certa pessoa, mas sim ela que não nos merece a nós, e quando nos passamos a conhecer é que vemos que afinal de contas nós somos mais importantes e temos sentimentos que têm de ser respeitados.

Quantas vezes não projectamos no outro espelhos e ilusões das nossas carências e desejos? Quantas vezes não desejamos que o outro nos ame como nós amamos e nos entregamos?

O amor para ser bom tem que ser a dois, partilhado, cruzado... recíproco. Não podemos obrigar ninguém a amar-nos. Ou se ama ou não se ama...

As ilusões acontecem quando estamos carentes e desiludidos com determinados acontecimentos. Queremos amar e esperamos que o outro nos dê mais e mais... Não acontece e o melhor é amarmos o que somos e ficar sozinhos.

O maior segredo para se ser feliz é saber viver plenamente cada momento, e saber absorver intensamente essas vivências, captando os ensinamentos nas situações de maior dificuldade, para saber como agir melhor em situações futuras.

Como as ondas do mar, tudo na vida vai e vem, por isso tudo passa, e tudo sempre passará. Passam os bons, e os maus momentos, porque nada é estático... nada é definitivo... nada é imutável...

Cada um de nós age e toma decisões baseadas no acumular de experiências que fomos somando ao longo da vida. É a soma das nossas vivências, das nossas conquistas, e dos nossos fracassos, que nos ajudam ao olhar para o nosso passado, a reavaliá-lo. Mas para isso temos que nos afastar um pouco de nós mesmos, para conseguirmos olhar para as situações de fora...



Estaria muito longe da realidade?
Começo por confessar que não tenho a mínima intenção de fazer o dito...
Nunca os achei apelativos. Gosto de olhar para a blogosfera como um local onde publico textos, e onde gosto de ler textos dos outros... apenas isso. E através deste processo acabo por criar laços com determinados blogues. Nos blogues não se vêem caras nem corações, mas consegue-se o mais importante que é criar afectos através das palavras e dos pensamentos, e deixar tudo o resto para o nosso imaginário.

Mas confessem lá se não seria um jantar memorável?

Onde - Um restaurante muito em conta
Quando - Uma noite da semana passada (quarta? quinta? o que é que isso interessa?)
Quem - Todos nós aqui do "Pedaços" (aquilo a que os senhores da restauração chamam um grupo: mais de dez, e menos de vinte)
Porquê - Ninguém faz a mínima ideia
Como - É aqui que as coisas se tornam interessantes, como se perceberá ao acompanhar o relato imaginário, quase minuto a minuto, à maneira dos sites de futebol. Então seria assim:

20:37 - Olhando para a porta do tal restaurante muito em conta, ainda só estão três macacos à porta. O resto da malta ao que parece encara de forma um bocadinho elástica a expressão 20.30h.

20:52 - Lá vão chegando todos a conta-gotas, ou será aos "Pedaços"... alegres, atrasadíssimos... tão portugueses...

21:00 - Entram no tal restaurante muito em conta com a meia hora da praxe de atraso.

21:08 - Sentam-se, e vão abrindo os pacotes miniatura de manteiga, comendo umas entradas, e ninguém se atreve a fazer a pergunta: "Será que ele vem mesmo?"

21:10 - Sem se conseguir conter, alguém faz a pergunta que está no espírito de todos os presentes: "e então, acham que ele vem mesmo?". As pessoas disfarçam, e fingem olhar para a televisão, mas como sempre há alguém que não resiste e desdobrando o guardanapo e colocando-o no seu colo, ousa responder: "É melhor esquecerem... desde já vos digo que ele não vem. Olhem lá, por que é que não vêem o que ele estará a publicar no blogue dele a esta hora?". Faz-se um enorme silêncio, e só se ouve um leve murmúrio das pontas dos dedos, matraqueando suavemente os ecrãs dos telemóveis, iPhones, iPhods, e afins...

21:32 - Começam a chegar os primeiros pedidos: costeletas de encher o prato, bacalhau com natas...

21:35 - E eis que ele aparece. E como que por magia o tal restaurante muito em conta parece que sofre uma descarga eléctrica, enchendo-se de luz, com todos os nossos olhares apavorados centrados naquela "coisa"... Sim, "coisa" é a melhor palavra, para classificar aquilo que tinhamos diante dos nossos olhos.

Vou então resumir a "coisa" da forma mais minimalista que me seja possível. Uma verdadeira mistura de Jean-Paul Gaultier e Dolce & Gabbana: sapatos com tacões agulha de dez andares com uma cobertura de cristais, um casaco metalizado com fechos dourados, umas calças cor fúschia, um gorro, e como cereja no topo do bolo... um crachá preto com letras vermelhas, que diz: "Eu sou o Å®t Øf £övë".

21:38 - A tal "coisa" vira-se para nós e diz: "Boa noite a todos. Vou só ali à casinha. Já volto."

22:10 - Sai do WC transfigurado. Algumas pessoas já vão na sobremesa, e há mesmo quem já peça os cafés. Impávido, senta-se, e consulta o menu...

22:50 - A imprevisibilidade do acontecimento não termina aqui, mas o que se estaria para passar nos próximos 40 minutos, torna-se inenarrável... e como S.Tomé... só mesmo estando lá para ver...

23:08 - O massacre continua. Ele não pára, não abranda, não larga...

23:21 - Bocas caladas. Apenas o barulho do multibanco a imprimir papéis para os que pagam com cartão. O silêncio é semelhante ao que se segue às grandes tragédias, tipo sismos, maremotos, apocalipses...

23:34 - Rituais de despedida...

23:37 - As luzes começam a apagar-se dentro do restaurante muito em conta. Por muito subtil que seja, o que os empregados estão a fazer, repetindo vezes sem conta "Boa noite, boa noite, até à próxima", é enxotar-nos. E enxotados saímos para a rua, à espera do flash que eternize este memorável jantar.

23:49 - E agora, tchanan, tchanan, tchanan, eis a fotografia de grupo, tirada por um dos empregados de mesa (o mais paciente dos seres humanos, garanto-vos), imagem que desvenda por fim o que faltava desvendar:




E vocês? Imaginavam-me... Imaginavam-se... assim?

Ter coragem é sentir... ter coragem é amar... ter coragem é dizer... fazer... ousar. Mas não ousar por ousar, nem dizer por dizer. Ter coragem, é ter a capacidade de nos aventurarmos, de enfrentarmos todos os perigos, medos, ou dificuldades.

Ter coragem, é pôr o coração naquilo que se faz. Talvez por tudo isto haja tanta gente com falta de coragem, porque é preciso coragem para se ter coragem.