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Hoje é o primeiro dia do resto deste ano, e por isso vou fazer uma associação que não sei se combina bem para todos, mas que aos meus olhos combina na perfeição - falo de sexo/amor versus imagem/fotografia.

Sempre que possível gosto de ver associadas as imagens e as palavras... e vice-versa. Ambas as sinto frequentemente como arte, como aquilo que vivo, que me perturba, e enlouquece. Em resumo... tudo aquilo que amo.

Hoje à fantástica imagem da Maria, Simplesmente, junto as palavras do também ele sempre magnifico Flávio Gikovate.



É comum ouvir dizer que, depois de alguns anos, a vida sexual dos casais se torna extremamente tediosa e repetitiva. A freqüência das relações costuma diminuir, regredindo para um encontro físico por semana, no qual as pessoas cumprem o "dever conjugal" ou "batem o ponto" – linguagem derivada da atitude displicente que têm alguns funcionários públicos. Muitos homens completam seus anseios sexuais pelo contacto com outras mulheres que não as esposas. E existem mulheres que também agem desta maneira. Mas a maior parte delas acomoda-se à situação, por achar que "a vida é assim mesmo" e voltam-se para interesses diferentes, principalmente para os filhos.

Costuma-se dizer que o desejo sexual é transitório: alimenta-se da novidade e depende muito da conquista, de modo que o que já foi conquistado perde quase totalmente a graça. Em parte, isso é verdade. Mas a experiência ensina-nos também que existe um bom número de casais que mantém uma vida sexual rica, excitante e divertida por vinte, trinta, quarenta anos seguidos. O fundamental é tentar entender por que isso acontece e extrair daí algumas lições úteis para que a maioria das pessoas possa desfrutar das delícias eróticas por toda a vida.

Mais importante do que saber por que o desejo desaparece em tantos casais é entender as razões pelas quais ele permanece em outros. Quero referir-me apenas aos "bons casamentos" – aqueles em que há uma dose decente de afeição recíproca e, principalmente, uma atitude mútua de respeito e consideração. Sim, porque nos "maus casamentos" a vida sexual tende a esvaziar-se por razões sentimentais. Um homem ou uma mulher que se sinta sempre humilhado(a) e rejeitado(a), ou que seja tratado(a) com grosseria e autoritarismo, tem o "dever" de desenvolver uma aversão física pelo(a) agressor(a).

Na maioria dos casos, é isso o que ocorre e, não raramente, é o início do fim do casamento. Existe uma excepção: aquela na qual o agressor – um homem ou uma mulher – pode provocar permanentemente a incerteza e o ciúme do parceiro. E o ciúme é um poderoso afrodisíaco, pois mobiliza inseguranças pessoais e tendências competitivas e de disputa. Ninguém quer se mostrar menos competente que um eventual rival.

A minha impressão é a de que o factor erótico que se alimenta de novidades e se cansa com a repetição é unicamente o que deriva da excitação visual do homem. O rapaz casa-se e, no início da convivência, pode ficar excitado apenas ao ver a sua mulher nua. Isto é coisa que costuma desaparecer logo, muito antes dos sinais de envelhecimento físico da companheira, não estando associado a esse facto. Aliás, a importância da visão, como elemento de excitação masculina, diminui com o passar do anos, até mesmo em relação às outras mulheres que não as próprias esposas. A excitação vai se tornando mais dependente dos carinhos e do toque. Quer dizer que o aspecto táctil se torna cada vez mais influente. Na mulher é assim desde o início da vida adulta. Ela excita-se ao se perceber desejada e, principalmente, ao ser acariciada de um modo adequado.

É preciso, portanto, que os próprios homens saibam que o que está a acontecer é absolutamente normal. Do contrário, eles terão a impressão de que já não têm mais o mesmo interesse pela esposa, o que não é verdadeiro. Eles necessitam agora, exactamente como as mulheres, de mais agrados e carícias físicas para terem excitação sexual. Depois que surge a erecção, tudo ocorre como no passado. Claro, desde que a vida em comum seja de razoável entendimento e consideração mútua.

O desejo não se esvai, ele modifica-se. Deixa de ser visual e torna-se essencialmente táctil. A mulher deve entender que isso não significa que ela está a ser menos amada – apenas não desperta mais aquele impacto visual que ainda ocasiona nos outros homens. E não adianta nada trocar de marido. A história se repetirá com o próximo. Às vezes, eu penso que, com o passar dos anos, a visão vai sendo substituída pela imaginação e pelo prazer que se tem ao perceber que o parceiro é participativo em todo o tipo de intimidades eróticas.

2 Comments:

  1. Å®t Øf £övë said...
    Maria, Simplesmente deixou um novo comentário na sua mensagem:


    Multiolhares tentou comentar no "Pedaços..." e claro está este não aceitou. Ela deixou o comentário no que escrevi, e gostava que o levasses para o "Pedaços...".

    Este é o comentário da "Multiolhares":

    "Penso que tens razão que tudo se vai alterando no sentir e na mente, e se os companheiros forem pessoas amorosas em que se confia tudo pode fluir normalmente, mas na maior parte das vezes não é assim daí cada um se esconder em si mesmo."

    Beijinhos

    Domingo, Janeiro 03, 2010 5:06:00 PM"
    Dä®k Añgë£ said...
    Art,
    Os homens normalmente não escondem as suas fantasias e desejos sexuais. E sabes porquê? Simplesmente porque a satisfação sexual do homem está no visual, e no palpável, e a da mulher é muito mais auditiva. Nós adoramos ouvir coisas românticas e bonitas, não só mas também, na cama, e vocês gostam do sentir... do tacto. Estes dois aspectos juntos são os que vos dão maior prazer.
    Nunca é objectivo o que desperta o erotismo e a excitação de cada um, mas os aspectos que representam as fantasias sexuais, têm se ser descobertos por ambos, porque só assim se consegue descobrir os ingredientes necessários para manter sempre a chama da relação bem acesa.
    Beijitos.

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