A morte é sem dúvida motivo de preocupações. Negá-la como facto é difícil. Admitir as perplexidades que a cercam é quase uma virtude. Querer fugir à realidade de que, ela assusta, é arriscado.
A morte amedronta?
Alguém sempre me dizia: "Se a morte é descanso, prefiro viver cansado". Eu ria, mas, percebi que, de facto, a morte é, existe e representa, sim, a única e definitiva certeza da vida. Por isso prefiro falar e pensar nela através da poesia, porque assim a morte fica até um pouco mais bonita, mais desejada, mais compreensível, e mais aceitável...
A morte amedronta?
Alguém sempre me dizia: "Se a morte é descanso, prefiro viver cansado". Eu ria, mas, percebi que, de facto, a morte é, existe e representa, sim, a única e definitiva certeza da vida. Por isso prefiro falar e pensar nela através da poesia, porque assim a morte fica até um pouco mais bonita, mais desejada, mais compreensível, e mais aceitável...
A morte, essa descrença enganosa,
esse medo connosco desde o nascimento,
quase crónica doença,
perde todo o seu segredo
só quando chega o momento
de com ela conviver.
Parece, então, corriqueira,
a verdade verdadeira,
do seu lugar neste mundo:
- Não é feia, indesejada,
não se ama nem se odeia!
É um conselho fecundo
e mais uma companheira
connosco junto, na estrada
que às vezes cansa ou enleia!
Ah! a morte!
É ponte, meio ou passagem
onde termina a viagem
por estes páramos plebeus.
Para os bons, é a certeza
do encontro da realeza
no doce aconchego de Deus.
Não conhecia pessoalmente o Fernando Bizarro, do blog Fraternidade, apenas trocámos alguma correspondência através de e-mail, mas tinha-o como um Amigo aqui da blogosfera, e é sempre dolorosa a partida de um Amigo, principalmente quando essa partida é efectuada de uma forma irreversível – o seu desaparecimento físico. Então, nada mais nos resta senão honrar a presença da sua memória...
Dia 23 de Maio foi seguramente um dia triste para mim...
Dia 23 de Maio foi seguramente um dia triste para mim...
Divagando sobre: efemérides, Pedaços de Nós
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Dylan Thomas
E a morte perderá o seu domínio.
Nus, os homens mortos irão confundir-se
com o homem no vento e na lua do poente;
quando, descarnados e limpos, desaparecerem os ossos
hão-de nos seus braços e pés brilhar as estrelas.
Mesmo que se tornem loucos permanecerá o espírito lúcido;
mesmo que sejam submersos pelo mar, eles hão-de ressurgir;
mesmo que os amantes se percam, continuará o amor;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Aqueles que há muito repousam sobre as ondas do mar
não morrerão com a chegada do vento;
ainda que, na roda da tortura, comecem
os tendões a ceder, jamais se partirão;
entre as suas mãos será destruída a fé
e, como unicórnios, virá atravessá-los o sofrimento;
embora sejam divididos eles manterão a sua unidade;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Não hão-de gritar mais as gaivotas aos seus ouvidos
nem as vagas romper tumultuosamente nas praias;
onde se abriu uma flor não poderá nenhuma flor
erguer a sua corda em direcção à força das chuvas;
ainda que estejam mortas e loucas, hão-de descer
como pregos as suas cabeças pelas margaridas;
é no sol que irrompem até que o sol se extinga,
e a morte perderá o seu domínio.
Fernando Bizarro, descanse em Paz no regaço de Deus.
Art, a morte, é sim, a única certeza da vida...
Para uns é o fim da vida... para outros, o início da vida...
Para uns a condenação... para outros, a libertação...
A morte não é o pior de todos os males. É o alívio dos mortais
que estão cansados de sofrer.
Jokinhas.