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Dä®k Añgë£ - ...sinto-me sempre diferente dos outros por nunca esquecer uma relação. As pessoas têm um caso ou até uma relação duradoura, separam-se e esquecem. Como se tivessem mudado de marca de cereais.

Eu nunca consegui esquecer alguém com quem me envolvi. Porque cada pessoa tinha as suas qualidades especificas. Nunca se pode substituir ninguém. Sofro com cada relação que acaba. Nunca recupero completamente. Por isso tenho muito cuidado em envolver-me, porque sofro demasiado. Nem uma relação ocasional quero, porque terei saudades das coisas mais banais. Sou obcecada em pequenas coisas. Talvez seja maluca...

Vejo nas pessoas pormenores, tão únicos em cada uma delas que me tocam e de que tenho e terei sempre saudades. Nunca se pode substituir ninguém, porque toda a gente é feita de pormenores belos e únicos.

Å®t Øf £övë - Onde raio estiveste todo este tempo?
Dä®k Añgë£ - Não sei (risos), mas pensaste que eu estaria aqui, hoje?
Å®t Øf £övë - Que hipoteses achas que teriamos de nos encontrarmos?

Dä®k Añgë£ - Quase nenhumas. Mas nós não somos reais, pois não? Somos personagens de um sonho. Creio que quando se é jovem se acredita que haverá muita gente a quem nos ligaremos. E mais tarde compreendemos que poucas vezes isso acontece!!!

Å®t Øf £övë - E pode-se estragar tudo... Perder a oportunidade...
Dä®k Añgë£ - Estava destinado a ser assim.
Å®t Øf £övë - Acreditas nisso? Que tudo está destinado?

Dä®k Añgë£ - O mundo pode ser menos livre do que nós pensamos. Então, como é ser casado? Não falaste muito sobre isso.

Å®t Øf £övë - Não falei?... Que estranho... Não sei ... Porque será...? Conhecemo-nos quando ela estava na faculdade e depois... casamos...

Dä®k Añgë£ - Como é ela?

Å®t Øf £övë - Uma boa mãe, é inteligente, bonita... Recordo-me de pensar na altura, que pouco importava com quem ia casar, que ninguém vai ser tudo para mim, e que feitas as contas, é a acção de te comprometeres, de assumires as tuas responsabilidades que conta. O que é o amor senão respeito, confiança, admiração... E eu sentia todas essas coisas. Agora sinto que dirijo um pequeno infantário com alguém com quem costumava sair. Sou como um monge. Fiz amor menos vezes do que eles nos últimos quatro anos.

Dä®k Añgë£ - (risos)
Å®t Øf £övë - Ris-te de mim? Pareço patético?
Dä®k Añgë£ - Em que mosteiro de monges se faz amor...?

Å®t Øf £övë - Pronto, tenho mais sorte que a maioria dos monges... Mas sinto que se uma mulher me tocasse, me decomporia em moléculas...

Dä®k Añgë£ - Lamento saber que não és feliz com o teu casamento. Esperavas, depois de viveres uns anos apaixonadamente, que aquele intenso desejo se mantivesse o mesmo do início? É impossivel... vocês acabariam com aneurismas nesse constante estado de excitação. Acabariam por nada fazer das vossas vidas. É natural para a tua mulher, depois do nascimento das vossas crianças ter de dar todo o seu amor a elas. Imagina que ela estava completamente obcecada com o sexo. Não faria sentido, pois não?

Å®t Øf £övë - Tens razão. Tudo que dizes faz sentido. Não se trata de sexo...

Dä®k Añgë£ - Eu sei. É obvio. Tu precisas de te sentir essencial e já não és. Há muito que tens na cabeça a ideia de seres o sustentáculo da tua mulher.
Olha para mim... eu sou uma mulher forte e independente na minha vida profissional. Não preciso de um homem que me sustente, mas continuo a precisar de um homem que me ame e eu possa amar. Acabei por pensar que é melhor eu não romancear tanto as coisas. Sofri sempre tanto. Ainda tenho muitos sonhos, mas não relacionados com a minha vida amorosa. Não fico triste por isso, as coisas são como são. É obvio que não sei lidar com o dia-a-dia de uma relação. A presença constante de alguém sufoca-me.

Å®t Øf £övë - Mas disseste que precisas de amar e ser amada...

Dä®k Añgë£ - Mas quando isso acontece, depressa fico saturada. É um desastre. Só sou realmente feliz quando estou sozinha. Porque estar sozinha é melhor do que estar ao lado de alguém e sentir-me só. Para mim não é fácil ser romântica. Começo, e depois de ter sido maltratada umas quantas vezes, esqueço as minhas espectativas e aceito o que a vida me der... bem, isto nem é verdade... eu não fui maltratada... apenas tive demasiadas relações chatas. Eles não eram maus... preocupavam-se comigo, mas não havia um elo emocional entre nós. Pelo menos da minha parte.

Å®t Øf £övë - Sinto muito, a coisa é assim tão má? Não é, pois não?
Dä®k Añgë£ - Nem sequer é isso... eu estava bem até te encontrar. Tu mexeste comigo...
Å®t Øf £övë - Não acredito nisso!!!

Dä®k Añgë£ - Sabes, a realidade e o amor são contraditórios para mim. Mas o que significa o homem certo? O amor da minha vida? O conceito é absurdo. A ideia de que só posso estar completa com outra pessoa é errada.

Å®t Øf £övë - Posso falar...?

Dä®k Añgë£ - Acho que fui magoada, demasiadas vezes, e depois recuperei. E agora, desde o início, não faço o menor esforço. Sei que não resultará.

Å®t Øf £övë - Não podes viver a vida a tentar evitar a dor à custa de...
Dä®k Añgë£ - Isso são palavras. Eu tenho de me afastar de ti... Pára o carro... Quero sair...
Å®t Øf £övë - Não saias... Vamos continuar a conversar.

Dä®k Añgë£ - Não me toques.
Å®t Øf £övë - Eu estou tão feliz por estar contigo...
Dä®k Añgë£ - Vens ter comigo todo romântico e... casado... Vai-te lixar... Não me interpretes mal... Não quero envolver-me contigo... Só me faltava um homem casado...

Å®t Øf £övë - Estou muito feliz por te ter encontrado. Gosto de ti, gosto de estar contigo...

Dä®k Añgë£ - E eu sinto o mesmo... Desculpa... Não sei o que se passou... Eu tinha de desabafar...

Å®t Øf £övë - Não te preocupes com isso. Sou tão infeliz na minha vida amorosa, na minha relação. Procedo sempre como se estivesse distante. Mas estou a morrer por dentro. Estou a morrer porque estou entorpecido. Não sinto dor ou excitação. Nem sequer sou amargo... A minha vida é incessantemente má.

Dä®k Añgë£ - Sinto muito.

Å®t Øf £övë - Eu só me sinto feliz quando saio com as crianças. Eu não a amo da maneira que ela necessita ser amada. Nem sequer acredito no nosso casamento, mas depois olho para as crianças, sentadas à mesa diante de mim, e penso que sofreria qualquer tortura para estar com elas todos os minutos da vida delas. Não quero perder nem um. Mas não há alegria nem riso na minha casa, e eu não quero que elas cresçam assim.

Dä®k Añgë£ - Não há riso? Isso é horrivel...

Å®t Øf £övë - Não quero ser desses homens que se divorciam aos 52 anos, admitindo que há muito não amavam a mulher, e que a sua vida tinha sido sugada por um aspirador. Eu quero ter uma vida feliz, quero que ela tenha uma vida feliz, ela merece isso. Vivemos um casamento baseado em responsabilidades, em ideias de como é suposto as pessoas viverem. Depois tenho sonhos...

Dä®k Añgë£ - Que sonhos?

Å®t Øf £övë - Tenho sonhos... em que estou numa estação de comboio, e tu passas num comboio... e passas... e passas... e passas... depois acordo... e a minha mulher está a olhar para mim, e eu sinto que estou a quilometros de distância dela... sei que há algo errado, que não posso continuar a viver assim, que o amor tem que ser algo mais que um compromisso. E então, penso que posso estar a abdicar da ideia de amor romântico, penso que posso estar a fazer isso.

Dä®k Añgë£ - Porque me dizes tudo isso?
Å®t Øf £övë - Desculpa, não sei. Não devia ter falado.

Dä®k Añgë£ - É tão estranho... as pessoas pensam que são as únicas que têm problemas. Pensei que a tua vida era perfeita. Uma mulher, filhos... mas a tua vida pessoal é mais caótica que a minha. Desculpa. (risos)

Å®t Øf £övë - Ainda bem que isso te faz rir... É aqui que moras? Estás aliviada por a minha vida ser pior que a tua?

Dä®k Añgë£ - Sim. Fizeste-me sentir melhor.
Å®t Øf £övë - Optimo. Fico contente.

Dä®k Añgë£ - Quero experimentar uma coisa... Abraça-me... Quero ver se ficas inteiro ou se te decompões em moléculas.

Å®t Øf £övë - E então...?
Dä®k Añgë£ - Não, continuas aqui.
Å®t Øf £övë - Optimo. Gosto de estar aqui. O teu apartamento é este?

Dä®k Añgë£ - Não, moro ali.
Å®t Øf £övë - Ali? Vou acompanhar-te à porta.
Dä®k Añgë£ - Isso dos sonhos é verdade, ou disseste-o na esperança de ires para a cama comigo?

Å®t Øf £övë - Era para ir para a cama contigo. Uso sempre esse esquema. (risos)
Dä®k Añgë£ - E resulta?
Å®t Øf £övë - Às vezes. Sabes,estava a pensar... deixas-me subir um bocado?

Dä®k Añgë£ - Vais atrasar-te.
Å®t Øf £övë - Não, não vou.
Dä®k Añgë£ - Está bem... mas rapidinho... senão vais atrasar-te.
Å®t Øf £övë - Eu sei... mas eu não quero perder nem mais um minuto da minha vida...

30 Comments:

  1. borbolletta said...
    na verdade nunca é tarde demais pra deixarmos de perder tempo...
    beijinhos
    Carla said...
    Tão real... há muitas realidades assim, há quem não arrisque um novo amor porque não aguentaria estar sem ver os filhos todos os dias, porque isto e porque aquilo... há também quem não lute o suficiente pela relação que tem, vivendo com a ideia romanceada da paixão arrebatada a todo o momento. A paixão tem picos e pode ir sucedendo ao longo de toda uma relação de anos com a mesma pessoa. O amor, a intimidade, a partilha, a cumplicidade... hoje em dia parece ser fácil abrir mão de tudo isso rapidamente. Mas por vezes o amor acaba mesmo e nada há a fazer por ele, apenas selá-lo com uma amizade bonita antes que seja tarde e se detestem. Arriscar. Vale sempre a pena arriscarmo-nos a seguir o coração... Muito bonito o diálogo que aqui colocas, abordando tantos aspectos importantes... Beijo grande.
    Anonymous said...
    Art...que real... será que nao é verdade? Xi..deu me um aperto no coraçao...:((( espero que o Art do diálogo nao seja o da tua vida real, porque nao gostaria nada de estar no teu lugar... um beijo mt especial (ja agora diz so se fizeram amor intesamente...);)))VAMPIRIA (http://satanlandia.blogs.sapo.pt)
    Dark Angel said...
    Um beijo enorme... e aquele sorriso que tu bem conheces... Adoro-te
    Nilson Barcelli said...
    Eu esqueço com alguma facilidade, mas há aspectos que nunca se apagarão, embora sem grande intensidade...
    Pormenores esqueço-os mesmo.
    Gostei do post e principalmente dos diálogos, muito bem intercalados no texto.
    Abraço.
    divinoedivina said...
    Tantas vidas diferentes da minha. Melhores ou piores. Não. Diferentes. Vejo-as todas com particularidades difícies de superar. E custa-me. Custa-me porque a experiência ensinou-me a admitir que o amor é um acto de construção constante. E eu não sei se a vontade é eterna... o pressuposto da dúvida é angustiante, tal como um amor que se guarda num canto perdido do coração. Tantos caminhos a percorrer... e nem sempre caminhamos na direcção certa. Custa. Custa muito.
    mfc said...
    Like a mirror...
    Parece-me estar a ler a minha pequena história de trinta e tal anos de casado... que terminou sem complemento.
    Anonymous said...
    não perder nem mais um minuto... li e comovi-me...revi tantas histórias nestas palavras! E esta musica que me faz recordar tanto que nem queria. Chorei, pronto. É o defeito...choro até pelas histórias de outros... ASS: mulher de 30
    litle lucy said...
    lindissimo
    nem sei o que dizer deixo te um silencio adocicado

    Beijo e obrigada por todas as tuas palavras no meu cantinho

    RosE**
    O Micróbio said...
    Fiel ou traição? :-)
    Daniel Aladiah said...
    Caro Art of Love
    Considero este diálogo pura e simplesmente brilhante! Pela realidade que encerra e porque, de forma despretensiosa, diz mais que muitos tratados sobre as relações actuais.
    Um abraço
    Daniel
    meialua said...
    Um diálogo deveras interessante!!

    Beijos e bom fim de semana*
    andrye said...
    Bem..este dialogo foi bonito..vi q mais uma vez ha pessoas mais infelizes q eu..e q kerem amar e ser amadas.Na minha opiniao axo q tanto um como outro devem arriscar e seguir em frente sem pensar duas vezes e vão ver q é mt melhor..Se n és feliz no casamento e n keres dar uma vida de tristeza aos teus filhos e te sentes bem c outra pessoa axo q n ha nada melhor q o divorcio!e espero q tenham aporveitado todos os minutos.. :) beijokas.
    Carmem L Vilanova said...
    Art amigo!
    Como é grande o teu amor, sempre!
    E por saber-te tao apaixonado assim, lancei-te um pequeno desafio lá no meu blog, para que possas dar-nos o prazer de conhecer-te melhor!
    Muitos beijinhos para ti e um lindo final de dia!
    stillforty said...
    And...so it is, no love no glory...
    closer than ever...gostei tanto do que li.
    Parabéns.
    Anonymous said...
    Olá Art!!

    Adorei ler este diálogo, pois reflete muito bem muitas das relações hj em dia...

    (espero k esta n seja a tua realidade, pois se for o caso deve ser uma situação mto delicada, ser casado com uma, ter filhos e ser apaixonado por outra!!)

    Beijinhos ** e bom fim de semana.

    Joaninha

    (Trilhas do Olhar)
    Seeds said...
    Tanta gente a rever-se no diálogo...
    Aqui fica mais um... ?abraço?
    Bem já é tarde (demais) é mehor ir..
    Abraço
    Luís Miguel said...
    Independentemente das dualidades/personalidades o amor é único e é singular.. ainda que seja partilhado.
    .
    .
    Bom fim de semana, Art,
    .
    .
    .
    Anonymous said...
    O amor é algo que na escolhe o momento, e quando as coisas simplesmente se dão acho que se deve agarrar sempre..nunca deixar fugir...As coisas são tão raras...Um beijo doce
    MissladyMystery -> http://MundoDosSonhos.blogs.sapo.pt
    D said...
    creio que poucos devem ter sido os que não se reveram nesse diálogo.
    Continua o bom trabalho
    1 beijo e bom fim de semana :)
    Vera Cymbron said...
    É bom saber-te apaixonado dessa forma...Fiquei a pensar com o vosso diálogo.
    Jinhos
    ZAG said...
    Art, Amigo... acho que estou de volta podes ir á hemodialise, já começei a relatar... abraço e força nisso...
    Just___me said...
    A exaltação do estado da paixão não dura para sempre. Resta conseguir perceber em que é q se tranformou: amor? amizade? indiferença? Há que descortinar esta reposta e a partir daí assumir a responsabilidade de uma decisão bem ponderada e , acima de tudo, ser feliz com ela.
    Felicidades.
    ZAG said...
    E antes que perca o fio-á-meada vcs ainda num ganharam juizo??? lol
    lique said...
    Tal como já aqui foi repetido, quase toda a gente passa por uma altura na vida em que se revê no que escreveste. As relações desgastam-se e as novas parecem sempre trazer tudo de bom... o que também não é totalmente verdade! Mas gostei muito de te ler. beijos
    Juiz Árbitro said...
    Este blog estará a votos esta semana "na blogosfera" (a partir de hoje).
    Boa sorte.
    Anonymous said...
    Infelizmente a vida é mesmo assim...por vezes por cobardia, ou talvez não, continuamos a viver uma situação apenas porque achamos que iremos sofrer mais se partirmos para outra...mas...o que seria a vida sem arriscar??
    Talvez a nossa felicidade esteja mais próxima do que imaginamos...
    Beijinhos grande...

    P.S.: Já alterei o endereço... http://nomundodalua.blogdrive.com
    Espero a visita...
    Moon Priestess
    Celestine said...
    ai esses amores!!! :P

    se quiseres visitar o meu novo espaço

    http://spaces.msn.com/members/alcova666/
    Piolha said...
    pronto ... volto e fico logo KO =) gostei essencialmente da promeira parte que compara a lembrança à mudança de cereais... eu como os mesmos cereais à 10 anos (chocapicccccc) portanto imagina o quanto eu n me eskeço das pessoas lol *beijito
    Dora said...
    Este diálogo represensta um retrato fiel de tantas vidas que conhecemos. Está escrito de forma primorosa e reveste-se de uma sensibilidade que me comoveu.
    Uma boa semana e o voto vai a caminho :-)

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