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Felizmente sou uma mulher de relacionamento fácil, por isso posso gabar-me de ter muitos amigos. Amigos estes que muitas vezes se irritam com as minhas incoerências, mas a todos eles eu já disse que para mim no amor não há coerência, e a verdade é que todos aqueles que de mim duvidaram fraquejaram no amor. E eu que costumo errar tanto, principalmente por a partir dos trinta anos me ter tornado aberta ao prazer do consumo imediato, não deixo de ter admiração por eles, ou talvez a tenha especialmente por isso, por eu também errar tanto.

O amor nunca foi para sempre, mas agora ele é sempre tão rápido, que me decidi a correr atrás dele até me cansar. Estou-me nas tintas para o estatuto, para as aparências, ou para a intelectualidade que costuma unir pessoas que pensam da mesma forma, mas não une os corpos. Seguindo esta minha linha de orientação, tenho tido uma relação com o sexo mais honesto dos últimos meses.

Por honesto entenda-se um satisfaz plenamente, onde não há espaço para angústias, porque não há amor, nem promessas de espécie alguma. Esta combinação dá sexo puro, e uma entrega desmedida de duas pessoas que usam o corpo às cegas. Faz-se com as mãos, os pés, a língua, enfim... com tudo aquilo que se poupa em promessas e frases bonitas.

Eu nunca lhe pergunto nada que não seja pela linguagem corporal, mas isso não nos impede de ficarmos colados com os olhos um no outro com a luz a bater nas nossas imperfeições. A paixão é como a claridade, deixa-nos ver todas as imperfeições, e continuamos ali presos a querer ver mais. O que temos tido é sexo honesto, que nos satisfaz plenamente... e é tudo.

Estive com ele até agora umas seis ou sete vezes, e a última vez foi sempre melhor que a anterior, por isso estamos a pensar em criar uma nova edição do kamasutra.

Não nos devemos limitar a vestir o mesmo "colete" toda a vida. Temos que lutar contra a realidade, e contra o dia-a-dia caso este não seja do nosso agrado.
Não importa o que o passado fez de nós. Importa é o que faremos com o que o passado fez por nós, porque cada dia é uma pequena vida.

Tenho um grupo de amigas, com as quais costumo jantar uma vez por semana em que quase falamos tanto quanto bebemos. À quarta caipirinha já a conversa ronda o sexo...

Desta última vez dizia-lhes que quando não estou apaixonada por ninguém, costumo gostar de vários gajos ao mesmo tempo, com os quais brinco ao gato e ao rato, sempre que se aproximam de mim. Durmo com um ou outro que vagamente me interessa, até me cansar deles, e que na verdade não tenho pena de ter o coração fechado, porque é muito mais fácil viver assim. De vez em quando abro um pequeno compartimento e alguém entra, mas a verdade é que não fica muito tempo, e ultimamente tenho sofrido na pele a fuga de muitos deles.

Falava-lhes destas minhas dúvidas quanto às razões de fuga de tantos homens, quando uma delas me interrompe para dizer que se calhar o meu problema era o mesmo que o dela... que era o facto de no sexo ela gostar sempre de ficar por cima, e eu baralhada com a falta de novidade, respondo-lhe: - Sim, é verdade que eu também gosto, e...?

Ela responde-me que normalmente os homens acham que as mulheres que gostam muito de ficar por cima são umas malucas, que não servem para casar, nem para mães dos filhos deles.

Fiquei a achar que tinha encontrado ali a resposta para alguns abandonos súbitos que tenho sentido nos últimos tempos, mas independentemente de ser ou não essa a razão, tenho que admitir que há mulheres que vieram ao mundo, não para serem mães dos filhos de ninguém, mas apenas para receber e dar prazer aos homens, e eu tenho que admitir que me enquadro e revejo dentro deste grupo, mas também concluí que não há nada como nos aceitarmos como somos, porque não deve haver nada que faça alguém mais infeliz do que querer parecer aquilo que não é.

Nós somos a soma das nossas decisões, somos quem escolhemos ser, o destino pouco tem a ver com isso. Desde pequenos aprendemos que ao fazer uma opção estamos a deixar de lado outra, e de opção em opção vamos fazendo a teia a que chamamos a "nossa vida". Não se pode ter tudo.

No amor, é a mesma coisa... namora-se uma vez, outra, e mais outra, num excitante vaivém de namoros. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromissos, ou casar. As duas opções têm prós e contras.
Que bom seria podermos ser uma pessoa diferente de 6 em 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros aos fins-de-semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. No way.

Por isso é que é muito importante o nosso autoconhecimento. Por isso é necessário ler, ouvir os outros, prestar atenção ao que acontece à nossa volta e não cultivar preconceitos. As nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que reflectir o que nós somos. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho... ninguém é o mesmo para sempre. Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto. Quanto menos a gente errar, melhor.

Quem não gostaria de andar através das portas da mente, e poder escolher entre o céu e o inferno, sem que para isso tivesse que perder a alma?

Quando se ama alguém a sua presença conforta... só a presença, não é preciso mais nada.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que a pessoa nos dá, ou pelo tormento que nos provoca...
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira como os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos esperamos.
Ama-se justamente pelo o que o amor tem de indefinível.
Não há sentimento mais bonito que o amor, e é bom deixarmo-nos amar.

A situação ideal é amar e ser amado. No entanto se por hipótese eu tivesse que escolher apenas uma das opções, eu não teria dúvidas em escolher amar.
Para mim é muito mais gratificante amar do que ser amado.
Gosto de amar da mesma forma que gosto de ser amado, ou seja, sem sufocar, sem aprisionar, sem cobrar, sem exigir, sem reprimir.

Não preciso de ser perfeito para ter o amor das minhas filhas, basta que a minha razão de viver seja as minhas filhas e terei toda a vida o amor delas.
E nunca me esqueço que na vida nós podemos mudar tudo, quando digo tudo, é tudo mesmo. A única coisa que nunca mudará é o facto de ser Pai. Isso serei a vida toda, com tudo de responsabilidade e de bom que isso acarreta.

Tu és um livro cheio de histórias, um sonho incerto cheio memórias.
Do teu passado o que ficou?
Um mar e muitos rios...
Tu és apenas o que és...
Já viveste e sofreste muito, mas dentro de ti ainda não morreu tudo.
Tu tens que ser alguém livre, tu simplesmente tens que ser uma mulher que ainda acredita no amor.