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A dada altura todos os meios são válidos para alcançarmos um fim... o da nossa relação. É por isso que os ciúmes me envergonham, porque a agonia dos ciúmes surpreende muita boa gente.

Há quem use preservativo e seja apanhado na mesma. Há quem use óculos e deixe de ver. E há quem seja inteligente, e mesmo assim vá à bruxa.

Os ciúmes acabam sempre por ter a ver com a intensidade da paixão. Ou com a segurança que a outra pessoa nos dá. Ou ainda com a que temos em nós mesmos...
Ninguém sai ileso, embora haja quem se saiba comportar melhor.

Eu confesso que se estiver apaixonada sou ciumenta... saudavelmente ciumenta... Que é sentir aquela dorzinha na barriga sempre que alguma gaja deixa cair qualquer coisa ao chão só para ter que apanhar de rabo espetado para o meu mais-que-tudo. E olhem que a barriga já me doeu muitas vezes, por isso sei do que falo.

O ciúme cego, que não é saudável, só se começa a manifestar em nós quando começamos a fazer coisas que nunca nos veríamos a fazer, tais como espreitar telemóveis, remexer em bolsos, apanhar olhares que na nossa cabeça só podem ser para ele, vasculhar-lhe as coisas, ou cheirá-lo e achar que ele cheira a sexo (que não o nosso). E tudo isto é feio.

Suspeito que os homens não confessam os seus ciúmes com medo que a voz lhes falhe. Já nós mulheres, é só garganta, por isso sai-nos tudo em discurso descoordenado para desfazer o nó que a dúvida emaranhou.

Nenhum homem gosta de assumir que a mulher lhe pode fazer mossa quando é cortejada por outro homem. E ela passou a dar importância ao colega que reparava nos seus pormenores, e ele acaba por asfixiar nos ciúmes que nunca teve. Acontece muito, não é?

Mas também pode acontecer o contrário. Ela nunca achou que havia razões para ter ciúmes. Era mais bonita que ele, e teimava em subestimá-lo. Um dia ele conheceu alguém como ele, e nunca mais viu beleza nela.

Desprezar os ciúmes é mau, mas tornarmo-nos desprezíveis por causa deles é capaz de ser pior. Por isso, entre homens e mulheres venha o ciúme e escolha.

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Bela dissertação! Acho que poucas vezes oiço falar de ciúme com tanta lucidez.
    É isso mesmo, ciúme resultante de alguma insegurança no próprio e no outro, todos temos, para quê negar?!
    O problema começa realmente quando essa insegurança ultrapassa o limite razoável, o discernimento dá lugar à obsessão descontrolada e surgem atitudes e acções que não lembram ao diabo. Estas sim, em vez de contribuirem para tornar saudavel a relação, deterioram-na voraz e velozmente.
    E afinal... para quê ir tão longe?? Só está quem quer estar e quando está decidido a não querer, não há como obrigar! Ou há?
    Anónimo said...
    Dark,
    Fiquei a pensar nisto... ciúmes, confiança... amor...
    E cheguei à conclusão que falar de ciúmes é difícil e até polémico, porque se perguntar a várias pessoas o que pensam sobre ele, tenho a certeza que não vou encontrar duas respostas iguais sobre a forma como encaram e interpretam os ciúmes. Há quem ache que os ciúmes são uma prova de amor, outros dizem que é o sal de uma relação, ou até que os ciúmes são o próprio amor.
    Depois do outro lado da barricada, há os que consideram os ciúmes como o veneno do amor. Eu, particularmente diria que depende da dose...
    Ainda acredito que quando realmente existe amor, respeito, e diálogo aberto e verdadeiro, estes ingredientes são sempre a forma ideal para não se criarem relações doentias e desprezíveis devido aos ciúmes. Esta pode ser a formula para acabar com a teia dos ciúmes, e desfazer os seus nós, que tanto podem ser reais como fruto da nossa imaginação.
    Infelizmente muita gente só percebe a inutilidade dos ciúmes depois de dar umas valentes quedas e cabeçadas, e depois só demasiado tarde é que começam a perceber que a ilusão dos ciúmes é uma mera perda de tempo, porque ninguém é de ninguém.
    Será a falta de ciúmes falta de amor? Eu sinceramente não acredito...
    Beijinhos.

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