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A vida ensinou-me a não olhar para trás, mas não por medo, até porque o tempo, que dizem que tudo apaga, só serve para nos gravar na memória os melhores e os piores momentos.

Quando me vens à memória, lembro-me sempre daqueles momentos nas ruas estreitas de uma qualquer cidade perdida, e daquele abraço imenso que me deste... e quando me lembro desses momentos, lembro-me que senti muito medo... um medo enorme, quase infinito, como se tivesse desaparecido nos teus braços.

O teu olhar... a tua voz... e as tuas palavras... faziam-me sentir que tudo estava certo, e por isso quando passavas as tuas mãos pela minha cara, e ficavas a olhar-me nos olhos, era como se me levasses para um lugar qualquer só nosso, e confiava em ti, porque já te tinha cá dentro, e pensava que podia ser assim para sempre.

Vivi assim durante muito tempo, neste estado de plenitude, a que uns chamam delírio absoluto, e outros amor total, porque tudo me parecia certo e perfeito. Era certo e perfeito o teu olhar... o toque das tuas mãos... o meu peso em cima do teu corpo... a tua respiração quando dormias... e as palavras que me dizias quando me falavas do futuro.

Hoje, depois da desilusão se ter instalado na minha consciência, e das dúvidas me chamarem à razão, fecho a porta a esse passado que já me alimentou, e tento não pensar em nada, para não pensar que me enganei... que me enganaste... que te enganei... ou que nos enganámos os dois...

A vida ensinou-me a aceitar em vez de querer, a esquecer em vez de julgar, e a dobrar a tristeza, sem nunca deixar de amar, e de proteger aqueles que já fizeram parte dela.

21 Comments:

  1. Miguel said...
    Concordo contigo, Art!

    Não podemos apagar o passado mas devemos seguir sempre em frente!

    Caminhando de cabeça erguida em direcção da felicidade!

    Um abraço da Matilde e Cª!
    HumbertotheWizard said...
    Não sei a razão que levam as pessoas que infelizmente viveram um Amor que não resultou, a descortinar acusações ao invés dos ternos gestos divididos a dois, ou flagelarem-se em dôr e melancolia, ao contrário de recordarem o sentimento que outrora animou uma vida a dois? Porque mesmo um amor triste e caído consegue guardar gratas recordações. Memórias, de um sentimento partilhado a dois, num tempo em que Amor sob o aspecto de mimo, carinho e ternura devotadamente existia. Retratos mentais que devemos conservar no nosso Eu interior, não para cairmos num lamaçal de lágrimas de nostalgia, mas para sentirmos novamente o prazer daquela brisa enebriante, que acalma e entontece quem a vive com a cerfteza do Amor. A brisa de amar alguêm e ser por ele/a amado. Fechemos por breves instantes o álbum de recordações, e deixemos ficar na retina, os beijos molhados e as húmidas carícias que desfrutamos, erradicando do nosso coração, toda o residuo de mágoa que ficou de uma amarga separação. Por mais razões que nos atestem, na verdade não há homem ou mulher certos e perfeitos, mas só o próprio Amor, e dele ninguêm se pode realmente envergonhar de o ter sentido. Muitas felicidades ao Art, e só me resta aplaudir mais uma obra-prima com a tua indelével assinatura, num espaço sem paralelo no cosmos infinito da blagosfera.
    Rosa Brava said...
    "...A vida ensinou-me a aceitar em vez de querer, a esquecer em vez de julgar, e a dobrar a tristeza, sem nunca deixar de amar, e de proteger aqueles que já fizeram parte dela."

    ... e a mim, também... talvez por isso, recordo hoje, das minhas memórias passadas, tudo o que de bom recolhi da Vida...

    Lindo o teu texto! Adorei mesmo lê-lo.

    Um abraço ;)
    Dulcineia said...
    Diz-se que o tempo tudo cura...cura as feridas e dores mas não apaga as memórias perfeitas ou nem tanto...e assim poderia continuar a divagar.Para quê se no essencial só quero dizer-te,Art,que as tuas letras são notas de música para a orquestra dos meus dias.Obrigada por existires.Beijinho.
    Maria Carvalho said...
    Não consigo partilhar, hoje, a minha emoção depois de te ler...vem de encontro ao que escrevi! Belíssimo. Beijos, bom fim de semana para ti.
    Isa e Luis said...
    Olá Art,

    Gostei muito de ler,
    Descrever os momentos,de vida com tal emoção, lindo no mundo dos escritores.

    Bom fim de semana com muitas alegrias amor e paz no teu coração.

    Jinhos

    Isa
    Papoila said...
    Um texto que hoje me emocionou e que não consigo comentar. Seguir em frente sem juízos e com as recordações de tudo o que foram bons momentos vividos a dois.
    Beijo
    Mily said...
    Sábio é aquele que aceita o que a vida oferece e que, olhando o passado consegue extrair dele lições preciosas, sem reclamações, acusações ou lamentos.

    Um lindo texto, que nos mostra uma vivência rica de experiências.

    Deixo-te um beijo, um sorriso e uma flor, para enfeitar o teu final de semana.
    Rukinha said...
    eu tenhho saudades. qd olho pa tras doi. pq era td tao bom. certo e perfeito como dizes. era tudo excelente. este post.. sinto-me algo descrito nele. um abrço
    david santos said...
    É verdade. O passado, ainda que nos consuma, nos entristeça, nos encaminhe para a saudade, não nos larga. Pelo menos aos que sentem, que têm dor, amor, aos que vêem com os olhos, não com os ouvidos.
    Sinceramente, acho o texto espectacular.
    Adorei.
    Maria said...
    Dear Art Of Love, AMEI o texto! Sem dúvida quem olha atrás perde o que está na sua frente no momento presente! Agora é o momento! Agora é o tempo de AMAR! Bom fim de semana.BEIJINHO.
    Freyja said...
    Hola
    me gusto el post, sobre todo como termina
    hay que seguir siempre, la vida es asi cosas buenas y malas
    te dejo un abrazo y un buen fin de semana
    besitos


    besos y sueños
    MalucaResponsavel said...
    acho q, dp da dor, da desilusao, do vazio passar, o q fica sao os bons momentos q recordaremos com um sorriso. se se olhar para o passado que seja para sorrir, para aprender... bj
    Anonymous said...
    Nunca se apaga o 'vivido'... insana ilusão!

    E mt menos um 'afecto perfeito'...

    bjs em tons de azul sombrio
    Ana said...
    Há momentos que, de facto, nos parecem perfeitos. E não acredito que haja enganos. Eles são perfeitos enquanto duram, enquanto nos fazem sentir essa sensação de plenitude.
    Se chegam ao fim..foi porque deixaram de estar no seu tempo e deram lugar ao tempo de outros.
    Mas enganos...não.O que sentimos em é real. E os momentos perfeitos tambem.
    Cristina said...
    Art,
    Nunca devemos esquecer o passado,ele faz parte de nos, seja ele feliz ou triste, mas devemos ir em frente para o futuro, sem medo do que deixamos para tras!
    Desculpa estou num pc sem acentos
    :)
    beijinhu
    Sofia said...
    Quando todos os momentos sao vividos intensamente e um dia se tornam apenas recordações só podemos aprender com eles, para assim podermos viver o futuro...
    Por isso aproveita todos os momentos para teu aperfeiçoamento...
    Bjs
    Anonymous said...
    Para além do tema, o teu post é uma bela reflexão, boa semana.
    Mikas said...
    A desilusão faz parte do amor, não podemos esquecer apenas aprender e seguir em frente!
    yohanan said...
    Quando se ama, qd nos entregamos de corpo e alma a quem amamos, tudo é certo, tudo é perfeito... e mesmo que isso não se perpectue na nossa realidade, vai se perpectuar na nossa memória, no livro das nossas eternas recordações, como algo que nos fez feliz. E assim viveremos nos lembrando sempre com saudade desses momentos tão maravilhosos. lindos os teus textos como sempre. e Vão ao encontro das ossas emoçoes. beijinho**
    batista filho said...
    quantos a escrever e há tanto tempo, abordando os mesmos temas... utilizando palavras, que pouco se alteram, mas a forma de o dizer, singular... mesmo quando tantos, há tanto tempo abordam os mesmos temas.

    "... o amor não tem que nos fazer estremecer como um relâmpago, nem sufocar como uma onda, e que pode ser o ruído sereno de uma nascente, que corre devagar em direcção a um mar imenso."
    “... A vida ensinou-me a aceitar em vez de querer, a esquecer em vez de julgar, e a dobrar a tristeza, sem nunca deixar de amar, e de proteger aqueles que já fizeram parte dela.”

    como é bom nos reconhecer em textos como esses (os dois últimos posts): belos, mui belos. parabéns! - a quem os escreveu, e a quem os inspirou.

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