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Não sei há quantos dias ando nisto. Sempre ouvi dizer que o amor faz dos estúpidos inteligentes, e que torna as pessoas inteligentes em estúpidas, mas sinto-me cada vez mais idiota, estupidamente idiota, mergulhado numa espécie de estado de graça, como se ser feliz também fosse não querer saber de nada, não me importar com coisa nenhuma, não ser mais obrigado a pensar em nada, só sentir e amar.

Não sei há quantos dias ando nisto. Quando se perde a cabeça, devia era dizer-se quando se perde o coração, porque este é o primeiro a perder-se, perde-se a noção do tempo e do espaço, e os dias são intermináveis até a tua presença os apaziguar.

E acredita, sinto uma espécie de poder que só sente quem ama e se entrega, quem dá sem pensar em receber, para quem os gestos e os sentimentos só servem para amar. Dizem que isto não dura sempre, que a paixão é um estado que diminui um homem, e o escraviza ao desejo, e aos sentidos, mas se assim for, não deixa de ser a melhor coisa do mundo.

Vivo, respiro, durmo, e alimento-me de paixão. Olho à minha volta, e vejo-te em todos os cantos, a tua voz paira no ar a chamar-me baixinho e a dizer quero-te, quero-te, quero-te... e é por isso, meu amor, que não sei há quantos dias, meses, anos, me perdi em ti, e neste amor.

Já me eclipsei, e tornei-me invisível, porque só vivo e respiro através de ti, entraste-me para o sangue, vives dentro do meu corpo, e adormeces todas as noites na minha alma. E acredita, meu amor, nem me vou lembrar do tempo em que estive longe de ti, porque não existia, não sentia, nada fui quando não estiveste ao meu lado...

O verdadeiro amor é aquele que resiste ao tempo, e sobrevive às dúvidas

Já vai para 15 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Aqui, qualquer projecto demora 2 anos a concretizar-se, mesmo que a ideia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, nós (portugueses, brasileiros, americanos, australianos, asiáticos, etc) ficamos aflitos para obter resultados imediatos, numa ansiedade generalizada.

Porém, o nosso sentido de urgência não surte qualquer efeito neste país. Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões e ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no fim, acaba por dar tudo certo no tempo deles, com a maturidade da tecnologia e da necessidade. Aqui, muito pouco se perde.

Alguns dados interessantes:
1. O país é cerca de 3 vezes maior que Portugal
2. O país tem 2 milhões de habitantes
3. A sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (Lisboa, tem 1 milhão)
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia...
5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.

Vale a pena salientar que não conheço um povo que tenha mais cultura coletiva do que eles. Vou contar-vos uma breve história, só para vos dar uma noção...

A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs. Era Setembro, frio, e a neve estava presente. Chegávamos bem cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro...

Depois, com um pouco mais de intimidade, uma manhã perguntei-lhe:
- Tem lugar marcado para estacionar aqui? Chegamos sempre cedo, o estacionamento está vazio e você deixa o carro na ponta do parque.
Ele respondeu-me, simplesmente, assim:
- É que, como chegamos cedo, temos tempo para caminhar. Quem chegar mais tarde já vem atrasado, precisa de ficar perto da porta. Você não acha?

Nesse dia, percebi a filosofia sueca de cidadania! Serviu também para rever os meus conceitos. SLOW vs FAST. Há um grande movimento na Europa hoje, chamado SLOW FOOD. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede em Itália. O que o movimento SLOW FOOD prega, é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" a sua confecção, no convívio com a família, com os amigos, sem pressas e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito do FAST FOOD e tudo o que ele representa como estilo de vida, em que o americano "endeusificou".

A surpresa, porém, é que esse movimento SLOW FOOD serve de base a um movimento mais amplo chamado SLOW EUROPE, como salientou a revista Business Week numa das suas edições europeias. A base de tudo, está no questionar da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraponto à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".

Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35h/semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade crescer nada menos que 20%. Esta chamada "slow atitude" está a chamar a atenção, até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).

Portanto, esta "atitude sem-pressa" não significa, nem fazer menos, nem menor produtividade. Significa, sim, trabalhar com mais "qualidade", mais "produtividade", mais perfeição, maior atenção aos pormenores e com menos "stress". Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e real, em contraste com o "global" - indefinido e anónimo.

Significa a retoma dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho melhor, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde os seres humanos felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Gostaria que pensassem um pouco sobre isto. Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou "A pressa é inimiga da perfeição" já não merecem a nossa atenção, nestes tempos de loucura desenfreada? Será que a nossa empresa não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa", para aumentar a produtividade e qualidade dos nossos produtos e serviços, sem a necessária perda da "qualidade do ser"?

Algumas pessoas correm atrás do tempo, mas parece que só o alcançam quando morrem de enfarte. Para outros, o tempo demora a passar. Ficam ansiosos com o futuro e esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que existe. TEMPO, todos temos por igual. Ninguém tem mais, nem menos, que 24 horas por dia. A diferença está no que cada um faz do seu tempo. Precisamos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, "A vida, é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro".

Parabéns por teres lido até o fim. Muitos não leram esta mensagem até ao fim, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo "globalizado". Pensa, e pondera até que ponto vale a pena deixar de disfrutar a família, ou os amigos. Deixar de estar com a pessoa amada, ou passear na praia no fim de semana.

Amanhã, poderá ser tarde demais.

Não sei de quem é o autor deste texto, mas achei-o tão cheio de conteúdo e interesse que me apeteceu partilhá-lo com vocês.

Ainda me lembro da primeira vez que ouvi falar em blogs, e a minha primeira sensação foi de achar ridúculo. Pensei que era estúpido achar inteligente escrever devaneios loucos, e pensar que outras pessoas iriam ler, comentar, e tirar conclusões...!!!

O tempo foi passando, e de alguma forma fui-me aproximando dos blogs. No inicio em segredo, depois querendo que fossem sabendo da minha existência, e o meu interesse foi aumentando à medida que ia crescendo o número de letrinhas aqui alinhadas... e assim nasceu o "About Last Night" que hoje completa o 2º ano de existência.

Por isso vamos lá todos soprar as velinhas...

Sinceramente nunca percebi se devemos festejar ou tentar esquecer a passagem de mais um ano. Se por um lado, um ano pode trazer uma nova esperança, por outro, ele pode servir para recordar aquilo que não fizemos, e as coisas que não vivemos. É por isso que às vezes a alegria, é uma alegria ambígua.

Ao longo destes dois anos sorri, brinquei, por vezes senti-me triste com o que li nas visitas que fui fazendo a blogs amigos... muitas vezes a horas proibitivas da noite, e fui deixando que me imaginassem outro, que me sonhassem, que não vissem a totalidade do que sentia. É tão fácil existir assim... eu sou tudo o que vocês quiserem, tudo o que conseguirem interpretar daquilo que aqui vou escrevendo.

Na generalidade somos todos iguais. Buscamos as mesmas coisas. É incrível como tantas vezes nos camuflamos debaixo duma capa que não deixa que ninguém nos veja realmente. Procuramos as estrelas, mas não vemos o céu. Queremos conhecer o universo, quando nem nos conhecemos a nós próprios. As coisas não fazem sentido, e então tentamos escrever o que nos vai na alma, mas apesar disso, não saímos da roda das coisas fúteis em que estamos metidos.


Mas afinal porque se escreve? Ninguém sabe...
E para quem se escreve? Quase nunca se diz...
Então porque escrevemos?

Se corremos sempre o risco de publicar textos que causam o efeito "ramo de noiva"... viramo-nos de costas e atiramos com os olhos fechados, e depois há sempre uns quantos saltar com as mão no ar a pensar que o fizemos especificamente para eles...

Escreve-se porque se acha que ninguém nos ouve... porque a loucura anda por perto... e escrever é uma forma de a distrair.
Escreve-se porque sim... e porque também...
Escreve-se quando não se pode fazer mais nada...
Escreve-se porque nos salva do cansaço e do desencanto, que a vida nos empresta através da solidão e do silêncio.

Escreve-se porque as palavras mandam mais do que nós.
Escreve-se porque o tempo que passamos a lutar pelas palavras, é o tempo em que estamos com os nossos pensamentos.
Escreve-se para se vencer o medo, para tocar no coração daqueles que gostamos, para esquecer aqueles que não nos souberam amar, e para que o mundo não nos passe ao lado.

Aqui tenho escrito sentimentos bons e maus, antigos e recentes, parvos e inteligentes, inspirados e cansados. Sempre aqui fui falando de tudo o que me foi passando pela cabeça, como mais me apetecia, sem pensar agora dois anos depois o que poderia sentir ao relê-los.

Nunca me levei demasiado a sério. Continuo a sentir-me um miúdo. É verdade que estou mais sensato, mais ponderado, mais maduro. Mas como costumo ouvir dizer, as pessoas a partir de uma certa idade escolhem a idade que querem ter, e eu escolhi ficar entre a adolescência e a maioridade.


Aqui tenho partilhado alguns dos momentos mais importantes da minha vida... tristezas, ausências, alegrias, sonhos e pesadelos, bocados de uma vida que se repete um pouco por todo o lado. Sentimentos e situações que passam um pouco por todas as vidas.

Através das palavras percebi que não há nada melhor do que dar e partilhar. Sempre acreditei que tudo o que é dado perde-se... e que tudo o que é partilhado não mais se esquece.

Por isso o "About Last Night" é de todos vocês que me têm acompanhado ao longo destes dois anos, estejam próximos ou longínquos, porque na verdade estou muito grato a todos que fazem o favor de o ler, porque ele é escrito com pedaços da minha pele...

Obrigado a todos